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- Editor LR
Intervir cantando... ainda tem sentido
Manuel Alegre declarou (e Adriano cantou) que «há sempre alguém que semeia/ canções no vento que passa». Décadas mais tarde, já em plena democracia, Carlos Nobre declarou (e o grupo Da Weasel cantou) o seguinte: «Tirem-me tudo menos a minha liberdade/ de pensar, sentir, escrever com dignidade». Tempo distante, circunstâncias diferentes, mas objetivos semelhantes: intervir. Será que a cantiga de intervenção ainda tem sentido? Foi (e é) esse o desafio.
Cinquenta anos depois de abril, cujas portas também foram abertas pela cantiga, que parecia ter só um objetivo lúdico e afinal contribuía para a alimentação do espírito e da convicção, ainda há cantiga de intervenção. Ainda bem! O mundo muda e novas questões aparecem. Por isso, há sempre alguém que persiste em alertar consciências. Ainda bem!
Como as cantigas de intervenção continuam a ter sentido, surge agora uma singela compilação de algumas mais próximas da população estudantil, quer etária, quer axiológica, quer estética e musicalmente. Algumas mantêm um estilo mais iniciativo; outras, porém, são contundentes até no vocabulário usado. Unem-nas a vontade de mostrar e de pensar a pessoa, o tempo, a coisa. Unem-nas a vontade de mudar. Unem-nas a vontade de serem ouvidas por quem deve. Unem-nas a vontade de… intervir. Sempre!
Parafraseando José Mário Branco – retirando-lhe a carga bélica -, «a cantiga (ainda) é uma arma»!
Paulo Correia de Melo (Professor da disciplina de Português
Notas: para cada músuca, foi efetuada uma seleção de um excerto da letra e efetuada uma hiperligação que permite uma audição da canção.